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Um espelho de 40 metros que capta 100 milhões de vezes mais luz que o olho humano. O telescópio ELT vai nascer no Chile e tem mão portuguesa – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Set 14, 2024

O deserto de Atacama, no Chile, é o lugar mais seco do mundo. Nas suas montanhas, algumas a mais de três mil metros de altitude, as condições não são as mais acolhedoras. Isso mesmo sentiu Alexandre Cabral, cientista da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, quando num impulso tentou correr à volta do círculo de 120 metros onde está a ser construído o Telescópio Extremamente Grande (ELT, na sigla em inglês), que até ao final da década será um dos maiores a contemplar os céus e onde será instalado um instrumento construído com o apoio da equipa portuguesa que lidera.

“Um dos grandes objetivos é tentar encontrar um exoplaneta idêntico à Terra e perceber se existem na sua atmosfera elementos como o oxigénio e o dióxido de carbono, indicadores que podem apontar para a presença de vida”, diz ao Observador Alexandre Cabral, também membro do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA). Mas não é só isso que o ELT se propõe a fazer, vai também procurar medir as propriedades das primeiras estrelas e galáxias, bem como a aceleração da expansão do universo, e desvendar os mistérios da matéria e energia escura, dos quais pouco se sabe.

Para isso, a dimensão do telescópio, cuja luz será captada por um espelho principal com quase 40 metros, quando por esta altura os maiores não passam dos dez metros, é mais do que um recorde a bater. “Quanto maior o telescópio, maior o balde que recolhe a luz. Vamos conseguir ver objetos mais distantes, mais ténues e fracos. Por outro lado, quanto maior for o telescópio, maior a resolução e mais nítidas as imagens”, explica Nuno Santos, um dos elementos da equipa portuguesa e professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

A contribuição portuguesa para o ELT passa por ajudar na construção do Andes, que é um dos espectógrafos que vai decompor a luz captada pelo telescópio. Em troca, o consórcio de que a equipa que Alexandre Cabral e Nuno Santos fazem parte vai ter 100 noites para usar o telescópio como quiser. “O Andes estará pronto até 2028 e vamos selecionar quais os melhores alvos a observar. Até lá, ainda há muitas descobertas a fazer“, diz, expectante, o professor da Universidade do Porto.

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O sonho de criar um telescópio com o maior espelho de sempre remonta ao início do século. A construção, encabeçada pelo Observatório Europeu do Sul (ESO, do inglês European South Observatory), arrancou em 2014, na montanha Cerro Armazone do Chile, que oferece 320 noites de céus limpos por ano. Avança a “bom ritmo” e já vai a mais de metade, segundo a organização, que sublinha que o ELT se vai tornar o “maior olho no céu”.





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