É mais um Votómetro Observador — desta vez para as eleições americanas. Está mais perto de Kamala Harris ou de Donald Trump? Cada um dos candidatos está, economicamente, mais à direita ou à esquerda? É mais progressista ou conservador? Qual o seu nível de concordância com cada um dos candidatos sobre impostos, sobre a lei do aborto ou sobre imigração? Estes são alguns dos temas que o Votómetro Eleições Americanas 2024 permite explorar.
Com a coordenação científica de Jorge M. Fernandes, Ramon y Cajal Fellow no Institute of Public Goods and Policies, CSIC, Madrid, e de Mafalda Pratas, doutorada em Ciência Política na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e concebida pela equipa de programação do Observador, esta ferramenta interativa (web e mobile) permite aos leitores compreender quais os candidatos que mais se aproximam dos seus valores a partir do seu posicionamento perante 16 afirmações.
Para ajudar a explicar como funciona, ao certo, este novo Votómetro, como participar e qual a metodologia que orientou o desenvolvimento da plataforma e que tipo de resultados esperar, preparámos um conjunto de perguntas e respostas.
É uma ferramenta gratuita e intuitiva de reflexão eleitoral, inspirada noutras plataformas cientificamente validadas como a europeia euandi e a alemã wahl-o-mat. O objetivo é fomentar a discussão e a literacia políticas.
Um dos principais objetivos do Votómetro é aumentar a competência política dos cidadãos. Por isso, quer ajudá-los a adquirirem rapidamente um conjunto de informações sobre o posicionamento dos candidatos em comparação com a sua própria posição. Os cidadãos não leem todas os programas, declarações e entrevistas dos candidatos, por isso, o que este tipo de plataformas faz é organizar a informação. No Votómetro, tem uma explicação fundamentada para a classificação de cada candidato, o que lhe permite saber mais sobre cada uma das posições.
Sim. O Votómetro é totalmente independente.
Basta entrar no Votómetro Eleições Americanas 2024 e escolher o botão “Iniciar”. O teste começa logo de seguida, apresentando a primeira de 16 frases para o utilizador posicionar o seu nível de concordância em relação a ela. Tem seis opções: “Concordo totalmente”, “Tendo a Concordar”, “Neutro”, “Tendo a Discordar”, “Discordo Totalmente” e “Sem Opinião”.
Não é preciso qualquer registo de utilizador. Pode começar a responder de imediato.
Sim, a participação é anónima. Ninguém terá acesso às suas respostas. Mesmo que seja um utilizador voluntariamente registado no site do Observador ou nosso assinante, os dados das respostas na ferramenta não ficam associados ao seu utilizador.
Não. A utilização da ferramenta é gratuita.
São 16 afirmações sobre temas clássicos — como, por exemplo, a interrupção voluntária da gravidez — e temas mais atuais — como, por exemplo, os conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente.
Funciona em duas fases e de forma intuitiva. Primeiro, responde-se ao nível de concordância das 16 frases apresentadas. Depois, pode atribuir-se uma maior ou menor ponderação a cada uma dessas 16 declarações, para analisar o nível de importância de cada tema apresentado – e, depois, comparar com o de cada candidato. Quem quiser, pode não fazer a ponderação e seguir diretamente para os resultados finais.
São apresentadas, de forma sequencial, 16 frases relacionadas com temas políticos que definem os vários candidatos. Nesta fase, os utilizadores são desafiados a responder ao nível de concordância com cada uma dessas afirmações escolhendo uma das já referidas seis opções: “Concordo Totalmente”, “Tendo a Concordar”, “Neutro”; “Tendo a Discordar”, “Discordo Totalmente” e “Sem Opinião”. Esta metodologia chama-se Escala de Likert – nome do sociólogo norte-americano que a desenvolveu – e é amplamente usada para medir, de forma fiável, comportamentos e opiniões, com um maior nível de nuance, indo além do sim ou não, pois especificam o nível de concordância.
Depois de responder às 16 afirmações, chega-se à secção “Adicionar ponderadores”, onde são listadas as 20 declarações numa mesma página. No final de cada uma dessas declarações, o utilizador poderá optar por ponderar qual a importância de cada uma delas para si: mais (+), menos (-) ou igual (=) ponderação. Em alternativa, poderá saltar essa secção. Se saltar, estará a dizer: todas elas são igualmente importantes.
Os resultados são apresentados em duas perspetivas detalhadas: “Correspondência” (política) e “Bússola” (bidimensional: esquerda económica/direita económica, progressista/conservador).
A “Correspondência” exibe, por ordem percentual, a ligação do respondente a cada candidato, com um gráfico de barras horizontal. Evidencia-se, assim, a proximidade política, de acordo com os pontos de vista, valores e prioridades. Se o utilizador selecionar, na lista do gráfico, a barra de cor de cada candidato terá acesso a uma nova secção informativa, com as camadas das 16 respostas de forma detalhada, que relaciona o que ele respondeu com o posicionamento do candidato em relação a essa afirmação. Para cada uma dessas afirmações, existe ainda mais informação sobre elas, conduzindo à fonte de onde se extraiu esse posicionamento/declaração do candidato em análise.
A “Bússola” é um gráfico que evidencia o posicionamento do utilizador numa base ideológica bidimensional. Por um lado, o eixo horizontal identifica a dimensão económica esquerda-direita. Por outro, o eixo vertical identifica a dimensão cultural, considerando posições progressistas e conservadoras.
A plataforma posiciona os candidatos e mostra qual a fonte que sustenta esse posicionamento. Essas declarações foram retiradas de programas eleitorais, entrevistas e declarações.
Sim. Nesta fase de análise dos resultados, o utilizador tem a opção de “alterar respostas” e analisar como isso influenciaria os resultados.
Sim. Basta voltar à homepage da plataforma.
Sim. Se desejar partilhar os resultados, basta selecionar essa opção. Poderá fazê-lo quer através de uma hiperligação que é gerada, por e-mail, ou através das redes sociais Facebook, Twitter, LinkedIn e WhatsApp. A decisão de partilha é exclusivamente sua.
A “Bússola” é uma ideia geral e menos exata do ponto de vista do posicionamento, mas muito intuitiva, explica Jorge Fernandes. Se quiséssemos fazer uma análise absolutamente rigorosa, teria de ser feita uma medição muito mais complexa e que seria muito difícil de captar de forma simples. O Votómetro é apenas uma iniciativa de apoio à reflexão.
Trata-se de uma questão técnica e que tem uma explicação que decorre puramente do cálculo matemático. Na secção “Correspondência”, faz-se um cálculo da distância entre a posição de um utilizador numa pergunta e a posição do candidato nessa mesma pergunta. Isto é, calcula-se o quanto as posições do utilizador e do candidato se sobrepõem. Se, por exemplo, um candidato responde mais vezes “Tende a…”, alguém que responda sempre “Neutro” terá uma maior sobreposição com ele.
Há um detalhe importante: responder “Neutro” a todas as perguntas não significa que a pessoa seja do “centro” político ou que seja um eleitor mais moderado.
É preciso ainda ter em atenção que a plataforma não está desenhada para as pessoas escolherem todas as respostas em “Neutro”, mas sim para se posicionarem genuinamente em relação a cada pergunta. Se um utilizador quer responder “Neutro” a todas as perguntas, não haverá qualquer sentido útil em fazer o inquérito.
Esta plataforma está desenhada de acordo com as melhores práticas internacionais e à semelhança das plataformas elaboradas no contexto do projeto “euandi”, mais concretamente de acordo com a metodologia descrita no documento que pode ser consultado aqui.