• Sex. Out 18th, 2024

Até a Alemanha já aceita cortar juros em junho, mas os EUA vieram perturbar planos do BCE – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Abr 10, 2024

Antes de anunciar a primeira subida dos juros neste ciclo, em julho de 2022, o BCE tinha dado a entender que seria uma subida de apenas 25 pontos-base – mas foi o dobro disso e, numa penada, o BCE retirou as taxas de níveis negativos (estavam em -0,50%). O fator surpresa serviu para sinalizar o que aí vinha: vários meses de subidas de juros rápidas, as mais rápidas de sempre. Nesta fase, porém, o BCE quer ser mais previsível e, por isso, na reunião desta quinta-feira, deve manter-se fiel ao guião, indicando que a primeira descida virá só no início de junho.

Esse é o cenário previsto pela vasta maioria dos analistas, que veem o Banco Central Europeu (BCE) a percorrer um trilho bem gradual no caminho de descida de juros do que fez no caminho de subida. A própria presidente do BCE, Christine Lagarde, já indicou que junho seria uma data mais provável para o primeiro corte das taxas do que abril – e até Joachim Nagel, o governador do banco central da Alemanha, já admitiu que essa decisão pode chegar “antes da interrupção para as férias de verão“.

Mas à medida que os EUA tardam em dar o primeiro passo, Lagarde tem um problema em mãos: se o BCE baixar juros muito tempo antes da Fed, isso irá pressionar a cotação do euro face ao dólar e, por essa via, atiçar a inflação. E o facto de o preço do petróleo ter superado novamente os 90 dólares por barril não ajuda.

Descer juros? BCE gosta de esperar que os EUA deem o primeiro passo, mas a crise europeia pode forçar a mão de Christine Lagarde

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Depois da reunião do Conselho do BCE desta quinta-feira, a próxima oportunidade que a autoridade monetária terá para descer as taxas de juro é a 6 de junho. Até recentemente, os analistas acreditavam que o BCE poderia baixar as taxas de juro antes da Reserva Federal norte-americana mas não seria por muito tempo: a Fed seguir-se-ia poucos dias depois, a 12 de junho. Assim, a descida de juros poderia ser coordenada entre os dois bancos centrais de forma a não criar instabilidade nos mercados cambiais. Mas esse cenário tornou-se menos provável, porque tudo indica, agora, que os EUA vão esperar mais tempo.

“Nos EUA a força do mercado de trabalho, captada por vários indicadores, e a persistência de pressões inflacionistas decorrentes do boom dos preços da energia, tornaram os investidores cautelosos nas estimativas sobre o início da descida dos fed funds“, as taxas de juro do dólar, notaram os economistas do BPI em nota de análise.

Os mesmos especialistas acrescentam que “as declarações do presidente da Fed, Jerome Powell, que indicam que são necessários mais dados que corroborem a sustentabilidade das quedas da inflação para se começar a cortar as taxas (…), fizeram com que os investidores reduzissem a probabilidade de uma descida das taxas de juro em junho para 56%“.

Desde que os economistas do BPI escreveram este relatório, essa probabilidade desceu ainda mais: o cenário mais provável, aos olhos dos mercados, passou a ser, mesmo, que a Fed não desça as taxas de juro em junho. A confirmar-se, isso cria o risco de que, se o BCE cortar os juros vários meses antes da Fed, a cotação do euro possa ficar sob pressão, perdendo terreno face ao dólar (porque taxas de juro mais elevadas numa dada zona monetária tendem a suportar a cotação da respetiva divisa).



Source link

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *