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A dança suja dos Máquina – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Abr 4, 2024

“O João Martins, dos Summer of Hate, descreveu-nos de uma forma fantástica”, refere Halison Peres, baterista dos Máquina. “Ele diz que a nossa música consegue juntar os rockeiros de patilhas e os jovens alternativos das pastilhas”, recorda entre risos. Com uma mistura de krautrock, eletrónica industrial e riffs que piscam o olho ao stoner rock e ao punk, este trio, completado por Tomás Brito (baixo) e João Cavalheiro (guitarra), rapidamente tem marcado espaço como uma das novas coqueluches da música alternativa portuguesa.

Depois de algumas atuações em 2022, quando a banda se formou oficialmente, entraram em janeiro de 2023 com DIRTY TRACKS FOR CLUBBING, o álbum de estreia. As apresentações deste trabalho tornaram-se um acontecimento, eventos a não perder, e, talvez por isso, no ano passado deram mais de cinquenta concertos, incluindo no Vodafone Paredes de Coura e em Espanha. Este ano prometem dar ainda mais. Agora, estamos sentados com a jovem banda de Lisboa no Grupo Desportivo da Mouraria, a propósito do lançamento do segundo álbum, Prata, esta sexta-feira, 5 de abril, com selo da editora londrina Fuzz Club Records.

Mas de onde apareceram os Máquina? O trio conheceu-se num estúdio em Xabregas através de um amigo em comum, o Chaby, que, mais tarde, viria a masterizar o disco de estreia do grupo. Apesar de fazerem parte de outros projetos e terem criado outras bandas com outros músicos (uma delas era um conjunto onde havia duas baterias, duas guitarras e dois baixos), quando ficavam apenas Halison, João e Tomás neste espaço, era aí que eles se sentiam no “recreio”.

[os Máquina ao vivo no Estúdio Cedofeita:]

Inicialmente, estes momentos eram marcados pela descontração, como forma divertida de passarem o tempo. Ao mesmo tempo, estas jams fizeram com que os três músicos criassem uma ligação profunda e uma boa química, algo que também foi aprofundado pelos gostos em comum por bandas como os Spacemen 3, os portugueses 10000 russos ou os Follakzoid. “Se calhar até encarávamos as nossas outras bandas com mais seriedade”, explicou Tomás. “Existia uma maior atenção à estrutura e composição das músicas. A escrita demorava mais tempo e era algo mais sério. Em Máquina, era tudo mais espontâneo. Íamos para o estúdio tocar nem que fosse uma nota durante 45 minutos, só porque gostamos desse som”, afirma.

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O início da vida desta Máquina foi feita, essencialmente, dentro das quatro paredes do estúdio, mas, inesperadamente, isso deu-lhes muita presença de palco. Sempre que os três se juntavam para fazer a sua hipnotizante música, era normal juntarem-se também dezenas de pessoas dentro da sala para ouvir o ensaio e dançar. “Costumávamos dizer, na brincadeira, quando íamos entrar na sala de ensaio: ‘preparem-se, vamos começar um gig’”, recorda o baterista. Esta experiência contribuiu para que a banda se comportasse como uma engrenagem bem oleada. Em cima do palco, a comunicação não-verbal ajuda a guiar momentos de improvisação, e, em estúdio, empurra-os para uma identidade consistente.

Prata é beneficiado por esta nova maturidade. É composto por seis músicas, mas parece uma longa faixa de 36 minutos, com mudanças de andamentos e intensidades que ajudam a diversificar esta jornada e a torná-la mais interessante. Ao ouvir o álbum é fácil imaginar o processo de gravação do trio. As músicas soam de forma fluida e os ritmos hipnotizantes e repetitivos dão espaço para cada intérprete dar asas à sua imaginação.

[“Body Control”, um dos temas de “Prata”, para ouvir no Spotify:]



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