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Mil anos de sofrimento – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Set 8, 2023

Do médico que me seguiu durante anos não direi que é um amigo, mas alguém com quem gosto de discutir. E, até prova em contrário, acreditarei que gosta de discutir comigo. Discordamos em quase tudo. Às vezes, com excesso de veemência – chamemos-lhe assim. Só concordamos no génio do Eça, no humor do Camilo e nas perfeições de Plisetskaia.

E foi a propósito de Maya Plisetskaia, de um excelente documentário que ambos víramos, que tivemos o primeiro grande embate. A conversa derivou para a ida dele ao Bolshoi, na última viagem que fizera a Moscovo, e a São Petersburgo, e como havia, então, encontrado as coisas: não tinha sentido qualquer insegurança nas ruas. Mesmo em horas tardias, ao regressar ao hotel, fazia-o calmamente, com espírito de passeio, ao contrário do que havia experimentado nos tempos de Yeltsin – é uma pessoa que conhece muito bem o leste europeu, mesmo o leste dos tempos da Cortina de Ferro, um ex-militante comunista, estudante na União Soviética, regressado a Portugal no início da sua carreira profissional.

O pomo da discórdia foi Putin. Estávamos em 2013, um ano depois de Putin se ter reelegido como presidente. Resumidamente: defendia ele que o território russo era imenso, as etnias diversas e o passado imperial, portanto, sem uma democracia com características limite, vulgo «musculada», e uma matéria cultural comum, seria ingovernável. A minha questão era outra: quando é que uma democracia deixa de ser democrática?

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