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O efeito Cavaco Silva – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Set 20, 2023

De tempos a tempos, Cavaco Silva ressurge na vida pública em Portugal. Seja com um artigo de jornal, com uma conferência ou com um livro, o político eleitoralmente mais bem-sucedido da democracia portuguesa tem ainda o condão de, aos 84 anos, conseguir colocar a esquerda a espumar de raiva e profundamente irritada. A direita, por seu lado, especialmente o PSD, tem ataques de saudosismo e de sebastianismo dos tempos em que conseguia mobilizar os portugueses e era uma verdadeira máquina de triturar líderes do PS.

Cavaco Silva é, certamente, uma das personalidades políticas mais polarizadoras da democracia portuguesa. Todos os escribas da imprensa portuguesa tiveram já a oportunidade de escrever “o seu” artigo sobre Cavaco, dando a sua explicação para as motivações do ódio que uma bela parte do país lhe tem. No que se segue escrevo de um ponto de vista que, apesar de tudo, está pouco representado nos comentadores em Portugal. Nasci quando Cavaco iniciou os seus mandatos em São Bento e as minhas memórias do seu trabalho enquanto Primeiro-Ministro são quase inexistentes. Ao contrário, por exemplo, de José Sócrates, cujo mandato representou a minha maioridade política e sobre quem não consigo escrever de forma puramente racional, penso conseguir olhar para os mandatos de Cavaco Silva com alguma clareza.

Os mandatos de Cavaco Silva representaram para a esmagadora maioria de portugueses, que, durante décadas, haviam vivido na mais abjecta pobreza, uma coisa simples: esperança e um aumento claro das condições de vida. O mérito, obviamente, não é maioritariamente de Cavaco. Houve um conjunto de circunstâncias históricas que ajudaram Portugal naquele momento. Depois do Dr. Soares e de Medeiros Ferreira terem conseguido a entrada de Portugal nas Comunidades Europeias, com as negociações iniciadas em 1977, e Sá Carneiro ter tornado a direita eleitoralmente viável e politicamente frequentável em 1979, Cavaco Silva foi encarregado pelo decurso histórico da democracia portuguesa com a missão de concretizar o plano de, finalmente, tornar Portugal um país Europeu.

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