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Manchester United bate segundo recorde histórico negativo em quatro dias. O que segura Erik Ten Hag em Old Trafford? O tempo – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Dez 13, 2023

Por cada solução que é encontrada, surgem mais dois problemas. Literalmente. E com um dilema adicional: se a matemática de somar pontos na classificação da Premier parece nunca ser suficiente para diminuir esse fosso para os primeiros, a multiplicação dos insucessos tem tendência a dividir ainda mais um clube partido ao meio. O último exemplo paradigmático desse caminho sinuoso que Erik ten Hag não consegue travar foi o encontro com o Bournemouth em Old Trafford, no passado sábado. Estádio cheio (como é habitual), maior motivação pelo triunfo com o Chelsea a meio da semana, possibilidade de chegar às posições de acesso à Liga dos Campeões mesmo que à condição. Resultado? Derrota por 3-0 que podia acabar com outros números, sexto lugar na classificação ameaçado e a certeza de que a exibição com os blues foi a exceção e não a regra. Sobrava ainda assim a esperança num “milagre” europeu. No final, fez-se história mas pela negativa.

O dia em que os Sonhos fugiram e só sobrou um Teatro dos Pesadelos: Manchester United perde em casa com o Bournemouth

A derrota com o Bournemouth tinha trazido consigo um número negro que mostrava de forma clara a queda a pique do Manchester United a partir de 2013, ano em que Alex Ferguson deixou o comando da equipa após 26 épocas no cargo. Nessa janela temporal, que coincidiu com o melhor período de sempre dos red devils em termos internos e no plano internacional, a equipa sofreu 34 derrotas em Old Trafford; daí para cá, apenas numa década, já são… 35. “A equipa tem de estar sempre preparada para o jogo e, por isso, assumo a responsabilidade. Tenho de preparar a equipa. Estou muito desapontado pelo nosso início de jogo. Irritado, definitivamente. Esperava algo diferente. Somos muito inconsistentes. O adversário nunca pode ter mais vontade do que nós. Não nos podemos desligar. Percebo a frustração dos adeptos, também estamos frustrados porque temos de fazer melhor”, apontara o técnico neerlandês, na tentativa de “abanar” o grupo.

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Seguia-se a receção ao Bayern, também ele escaldado por uma inesperada goleada sofrida em Frankfurt com o Eintracht para a Bundesliga (5-1). As contas eram fáceis de fazer: o Manchester United necessitava de ganhar e, depois, esperar que Copenhaga e Galatasaray empatassem o seu jogo na Dinamarca. Isto, claro, num cenário de passagem aos oitavos da Liga dos Campeões, tendo em conta que um triunfo com os bávaros (já qualificados e em primeiro do grupo) assegurava sempre como “mínimo olímpico” a ida ao playoff de acesso aos oitavos da Liga Europa. O que podia correr mal, correu ainda pior. E a par da vitória pela margem mínima do Copenhaga, os ingleses sofreram mais um desaire caseiro por 1-0 com golo de Coman e ficaram fora das provas europeias, fazendo também a pior campanha de sempre nos grupos da Champions.

A “humilhação” prosseguiu após o apito final, com os milhares de adeptos alemães a cantarem músicas que “gozavam” com o atual momento do Manchester United que não caíram nada bem nos ingleses já aziados com mais uma derrota e consequente falhanço de objetivo. Erik ten Hag, mais uma vez, era um treinador resignado com o infortúnio a prometer a redenção nos próximos compromissos. “Não perdemos hoje na Liga dos Campeões, já tínhamos perdido antes. Temos de reconhecer. Tivemos alguns bons desempenhos mas também cometemos erros. No final, não foi suficientemente bom mas hoje [terça-feira] o desempenho foi novamente muito bom e não merecíamos perder. Temos de aceitar e aprender com isso, temos de ter um bom desempenho na Premier porque queremos voltar à Liga dos Campeões”, reiterou após o encontro.

Também no final da partida, Diogo Dalot, internacional português que está no clube desde 2018 e voltou a ser titular no lado direito da defesa, assumiu o insucesso mas colocou de parte a questão técnica como o principal problema atual do Manchester United. “Resume-se tudo aos resultados. Quando ganhas, parece que está tudo bem e quando perdes parece que está tudo mal. Temos tentado manter a boa mentalidade porque mesmo perdendo às vezes não está tudo mal. Temos um balneário forte e jogadores com boa mentalidade. Sei que é sempre o mesmo discurso quando se perde mas é a realidade. É tentar remediar já no treino para estarmos prontos para o Liverpool. Ten Hag? O balneário está forte, com o treinador e todo o staff. A única maneira de levarmos isto para a frente é estarmos juntos. Temos sofrido muito esta temporada mas acreditamos que vamos sair vitoriosos”, comentou em declarações à TNT Sports.

Segue-se uma deslocação a Anfield, onde na última temporada os red devils acabaram “humilhados” por uma uma goleada de 7-0 após sofrerem o primeiro golo aos 43′. Aí, todos pensavam que tinha sido o fim de linha para Erik ten Hag. Não foi. Mas haverá mesmo um fim de linha para o técnico neerlandês?

“Quando saíram os grupos pensou-se que o Manchester United poderia avançar, mas marcar três golos em cada um dos jogos fora e terminar com os pontos que terminaram é de facto criminoso. É um futebol kamikaze, é futebol-basquetebol onde nós atacamos, a seguir eles atacam e os adversários foram recompensados porque se não consegues fechar os jogos, então não mereces seguir para a fase a eliminar”, apontou o antigo capitão e atual comentador Rio Ferdinand, entre muitas críticas a novo insucesso.

Questão: quem segura Erik ten Hag? Basicamente, o tempo. Como explica o The Athletic, o processo de compra de parte do capital social do clube por um consórcio liderado pelo britânico Jim Ratcliffe continua sem chegar ao fim (o CEO da Ineos deverá ficar com a responsabilidade das operações desportivas dos red devils) e a família Glazer não quer mexer em nada que possa depois condicionar a sua entrada. Também Richard Arnold, que era líder executivo do Manchester United, foi substituído há pouco tempo de forma interina por Patrick Stewart. A par disso, surge também a questão do valor das cláusulas de rescisão que teriam de ser pagas ao neerlandês e respetiva equipa técnica, acima dos 15 milhões de libras (17,4 milhões de euros), e o investimento num novo treinador que quererá também ter garantias para “mexer” no plantel. Nomes para a sucessão não faltam, entre os mais mediáticos Zinedine Zidane, Antonio Conte e Hansi Flick e os menos “reconhecidos” Julen Lopetegui e Graham Potter, mas para já o tempo joga a favor de Ten Hag, mesmo que isso signifique que seja quase um “inimigo” para a realidade do Manchester United.





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