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Pedido para faltar, avisos e um “não estou aqui fazer nada”. Portagens criam tensão na bancada do PSD – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Mai 2, 2024

A eliminação das portagens nas ex-SCUT, que PS e Chega se preparam para aprovar esta quinta-feira à tarde, provocou momentos de tensão na reunião bancada do PSD. Segundo relatos feitos ao Observador, vários deputados do interior intervieram para dizer que não podiam faltar ao compromisso com os eleitos nos seus distritos, o que levou o líder parlamentar, Hugo Soares, a ter de lembrar a “Constituição” que diz no seu artigo 152º que “os deputados representam todo o país e não os círculos por que são eleitos”.

Hugo Soares disse que achava bem que os deputados “defendessem as suas regiões”, mas pediu “bom senso” de proteger o PSD e o Governo na hora de subscrever a declaração de voto que está a ser preparada sobre o assunto pelos deputados de zonas servidas pelas ex-SCUT. O líder parlamentar lembrou que, no passado, votou muitas vezes contra a sua opinião. Falaram sobre o assunto deputados como Alberto Machado, Ângela Almeida, Carla Barros e Liliana Reis, que têm em comum o facto de ser do interior e terem dificuldade em explicar junto do eleitorado a decisão de não apoiar a eliminação e/ou a redução das portagens nestes troços.

Um dos momentos mais tensos foi com a deputada Liliana Reis, que foi cabeça de lista por Castelo Branco e que é professora na Universidade da Beira Interior (UBI). Liliana Reis lembrou os problemas de coesão territorial e pediu, emocionada, a Hugo Soares para faltar à votação, uma vez que não conseguiria encarar a população dizendo que votou contra a abolição das portagens nas antigas SCUT.

A deputada do interior admitiu o “oportunismo” e “cinismo” do PS, mas destacou que o Jornal do Fundão de amanhã só diria que o PSD votou contra o fim das portagens. Hugo Soares começou por dizer que falaria em privado com a deputada, que continuou abatida e com voz embargada, mas acabou por perder a paciência e dizer: “No dia em que um deputado faltar a uma votação porque discorda, eu não estou aqui a fazer nada“. E, segundo relatos ouvidos pelo Observador, terá mesmo repetido a palavra num tom mais alto: “Nada!”

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Também Carla Barros, eleita pelo distrito do Porto, lembrou que o assunto é “muito sensível” e mostrou-se preocupada com o efeito que a posição do PSD terá junto dos territórios do círculo por onde foi eleita. O mesmo aconteceu com o presidente da concelhia do Porto, Alberto Machado, que fez críticas ao PS, mas revelou que vai, no mínimo, apresentar uma declaração de voto. Hugo Soares terá questionado o líder de uma das maiores concelhias perguntando: Como é que ficava o grupo parlamentar se fôssemos atrás de uma proposta “hipócrita” e “oportunista”?, aproveitando as palavras usadas pelo próprio deputado.

Hugo Soares foi respondendo que é preciso encontrar “saídas políticas”, defendendo que o projeto de resolução do PSD deve permitir “amplitude política”, para que o Governo a seu tempo possa ir reduzindo o valor das portagens. O líder parlamentar disse ainda que “não é possível” a “breve trecho” abolir as portagens das ex-SCUT e que tudo isso tem de ser conjugado com “prioridades” e “objetivos” políticos.

O líder parlamentar do PSD tentou depois sossegar os deputados a dizer que PS e Chega não tinham margem para chumbar um Orçamento do Estado com baixa de impostos, aumentos para os professores e oficiais de justiça e até, eventualmente, reduções de portagens. Isto porque, explica, os eleitores do PS e Chega não querem eleições, querem “estabilidade”. Hugo Soares acrescentou mesmo: “Governando bem, o PSD está tranquilo”.

Já Emídio Guerreiro centrou-se no ataque ao PS e lembrou aos seus pares que há um programa eleitoral a respeitar que não fala em abolição de portagens. O eleito pelo distrito de Braga terá dito que os deputados do PS são “hipócritas” e “manhosos” e pediu aos deputados que fossem “racionais” e não “caíssem no jogo” dos socialistas. Emídio Guerreiro lembrou ainda que os socialistas estiveram “22 anos no poder e não fizeram nada”. Tudo isto foi à porta fechada, mas o líder parlamentar do PSD acabaria por falar no assunto à saída da reunião, usando este mesmo argumento.

Aos jornalistas, Hugo Soares disse sobre o assunto que a sua bancada tem um projeto de resolução a “recomendar baixar significativamente as portagens nas ex SCUT” e em algumas áreas urbanas. E diz que os deputados do PSD têm disciplina de voto, ou seja, votarão a favor do projeto do PSD e contra os restantes.

“O PSD nunca defendeu a abolição das portagens, fez uma campanha eleitoral a dizer isto”, afirmou o líder parlamentar apontando o “afã” e “irresponsabilidade” socialistas ao avançarem com projetos que “acarretam ainda mais despesa para o Orçamento do Estado quando o PS não foi capaz de o fazer quando governou 22 dos últimos 28 anos”. “O país não tem condições para abolir portagens nas autoestradas”, afirma.

“É uma total irresponsabilidade”, atira ao PS e concretamente ao seu líder, Pedro Nuno Santos, que, recorda, “foi ministro da tutela e tinha a caneta e o papel na mão” e “não foi capaz” de abolir as portagens como agora propõe na oposição.

Sobre a posição do Chega, o líder parlamentar do PSD diz que “está a ficar demasiado evidente que o Chega quer governar com o PS a partir do Parlamento”. “Há um conluio” entre os dois partidos, apontou mesmo Hugo Soares que diz que PS e Chega estão a “unir-se no Parlamento para aprovar matérias do PS”.



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