• Ter. Mai 14th, 2024

Navio português no Golfo da Guiné prepara-se para integrar militares de São Tomé e Príncipe – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Ago 30, 2023

Três meses depois de ter chegado a São Tomé e Príncipe, o navio português Centauro cumpriu 170 horas de navegação, esteve envolvido numa ação de busca e salvamento e prepara-se para integrar militares são-tomenses a bordo.

Esta lancha de fiscalização rápida chegou a São Tomé e Príncipe em 7 de maio, tendo rendido o NRP Zaire, que regressou a Lisboa após cinco anos de missão naquele país.

O objetivo desta força nacional destacada, que engloba o NRP Centauro e 13 militares portugueses (todos do sexo masculino), é “apoiar e capacitar a Guarda Costeira de São Tomé e Príncipe na fiscalização dos espaços marítimos” sob sua jurisdição, visto que um dos perigos na região do Golfo da Guiné é a pirataria marítima.

Em declarações à Lusa a bordo do navio, fundeado no porto de São Tomé, o comandante do NRP Centauro, Luís Rodrigues, indicou que, até agora, esta lancha efetuou “170 horas de navegação e cerca de 1.500 milhas”, uma ação de busca e salvamento e duas de apoio logístico, com deslocações à Região Autónoma do Príncipe.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Até ao momento, não houve a necessidade de sermos empenhados em nenhuma ação e combate à pirataria ou outro tipo”, mas os militares portugueses “estão preparados para esse tipo de ações”, salientou o segundo-tenente.

Quanto à missão de busca de salvamento, tratou-se de um pescador que ficou sem combustível e não conseguiu regressar a terra.

Estivemos três dias em buscas, infelizmente não o conseguimos encontrar. Mas, felizmente, ele apareceu mais tarde em águas nigerianas, tendo sido salvo e tendo voltado para o seu país de origem”, detalhou.

De acordo com o comandante, os militares do Centauro saem “todas as semanas para o mar” para treinar e deslocam-se à ilha do Príncipe mensalmente.

O navio faz também “navegações periódicas para treino da guarnição e para formação e treino, através de exercícios, aos militares são-tomenses”.

Para o futuro, está a ser planeada a “integração de militares são-tomenses a bordo do Centauro, com o objetivo de formar uma guarnição mista em que o navio será operado” por militares dos dois países, adiantou Luís Rodrigues.

Esta integração é uma formação específica para o desenvolvimento das funções aqui a bordo, e tem como objetivo capacitar esses militares e treiná-los, de modo que no futuro consigam operar meios navais com maiores capacidades dos que atualmente têm, garantindo a segurança na navegação no território marítimo de São Tomé”, explicou o comandante.

Em terra, os militares portugueses dão treino e formação à Guarda Costeira são-tomense e prestam “aconselhamento em diversas áreas, segurança na navegação, manutenção das embarcações e motores fora de borda, na área da abordagem a embarcações e na área das comunicações”.

Temos também um militar do pelotão de abordagem português, do corpo de fuzileiros, a dar formação teórico-prática no centro de instrução militar de São Tomé e Príncipe à equipa de abordagem e segurança”, afirmou o responsável.

Num balanço dos cerca de três meses de missão desta força nacional destacada, o segundo-tenente destacou a “troca de experiências” e indicou que “o feedback é positivo de ambos os lados”.

É sempre vantajosa esta cooperação, que é única e especial em matéria de cooperação entre dois países lusófonos, contribuindo para a segurança da navegação nos espaços marítimos de São Tomé e para a segurança em geral do Golfo da Guiné”, defendeu.

Os militares portugueses interagem e treinam também com militares de outras marinhas estrangeiras que se encontrem naquela região, como é o caso da fragata brasileira Liberal.

Esta missão “não tem, para já, data de fim”, pelo que o navio permanecerá em São Tomé e Príncipe, podendo os militares ser substituídos quando terminar a sua comissão, habitualmente de seis em seis meses.

O NRP Centauro, cujo armamento foi reforçado para este tipo de missão (uma peça OERLIKON 20mm, duas metralhadoras Browning 12,7mm e duas metralhadoras MG3 7,62mm), chega à velocidade máxima de 26 nós e pode navegar consecutivamente durante cinco dias.

Em julho, o Centauro cruzou a linha do Equador, tornando-se na primeira lancha de fiscalização da Marinha a fazê-lo.

O NRP Centauro (construído em 2000) substituiu o navio patrulha Zaire, que também foi operado por uma guarnição mista de 23 militares portugueses e 14 são-tomenses.

Durante os mais de cinco anos de missão em São Tomé e Príncipe para reforçar a fiscalização do mar são-tomense e do Golfo da Guiné, esta embarcação percorreu mais de 37 mil milhas, realizou 19 ações de busca e salvamento, 31 ações de fiscalização conjunta, 13 ações de segurança marítima no âmbito da pirataria, oito vistorias a navios no mar e também participou em diversos exercícios internacionais, detalhou na altura a Marinha.

O chefe do Estado-Maior da Armada, Henrique Gouveia e Melo, esteve em julho na capital são-tomense para oficializar o fim da missão do NRP Zaire. Na altura, afirmou que este navio seria substituído por outro “mais rápido, com mais capacidade de agir mais rapidamente às emergências”.



Source link

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *