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Curto-circuito no manhoso – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Set 3, 2023

Quando começa Setembro, começo a ler a Bíblia do princípio. Ontem li o Génesis de fio a pavio. Caramba, já tenho este hábito há anos e não há modo de me cansar: que texto! São tantos os episódios que, já sendo meus desde a infância, me arrebatam que até me custa escolher um só. Mas vou pelo do reencontro de Jacob e Esaú.

Jacob tornou-se uma personagem bíblica especial para mim. Há uns anos li um sermão do Frederick Buechner e apercebi-me do óbvio: o Jacob sou eu. E sou literalmente eu porque Tiago é Jacob. Assim muito rapidamente, o hebraico Jacob deu o latim Jacobus, o Sant’Jacobus dá o Santiago, e daí resume-se o muito português Tiago. Jacob sou eu também porque Jacob é o meu nome.

Para quem cresce numa Igreja Evangélica é habitual receber na infância postais com o nosso nome nas línguas bíblicas originais, explicando o seu sentido. Não sei que idade teria mas lembro-me de ganhar um, em azul, creio, especificando que no hebraico Tiago significava “suplantador”. Suplantador é a versão politicamente correcta de um nome que também pode significar usurpador. Apercebi-me disto mais na maturidade, que grande parte das suplantações benignas atribuídas aos Tiagos também podem ser traduzidas, numa interpretação menos solar, por aldrabices, truques ou manhas. O Tiago suplantador era, afinal, também o Tiago sempre pronto a querer mais do que tinha.

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