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o ocaso cinematográfico de Nanni Moretti – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Set 28, 2023

Em O Sol do Futuro, de Nanni Moretti, a única concessão que o realizador faz aos tempos que atravessamos é trocar a sua Vespa por uma trotinete elétrica para circular em Roma. Moretti interpreta Giovanni (o seu verdadeiro nome, Nanni é o diminutivo), um consagrado realizador que é uma versão de si mesmo, entre o caricatural e o irónico, e que está a rodar um filme passado em 1956, sobre uma importante célula de Roma do Partido Comunista Italiano (PCI) e a sua reação à invasão da Hungria pela URSS, a escrever um outro, uma adaptação do conto de “Swimmer”, de John Cheever, e a imaginar um terceiro, um musical “naturalista” que por vezes se manifesta.

Mas no meio de tanta atividade, a sua mulher e produtora, Paola (Margherita Buy) deixa-o, a atriz principal, Vera (Barbora Bobulova), não pára de o maçar com pormenores de interpretação da sua personagem, o seu produtor francês, Pierre (Mathieu Amalric), vai à falência, é preso e a rodagem é suspensa. Trotinete elétrica à parte, O Sol do Futuro é um enorme “déjà vu” morettiano, um exaustivo catálogo de idiossincrasias, temas e expedientes de narração do autor de Palombella Rossa – a autoficção, a construção “meta”, os problemas do casal, os fracassos da esquerda, o estado do cinema, etc. — um filme em penoso piloto automático, uma sombra (apesar de ter “sol” no título) do Nanni Moretti pujante e inventivo de Querido Diário, Abril ou O Caimão.

[Veja o “trailer” de “O Sol do Futuro”:]

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