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Duas pessoas infetadas com legionella no Santa Maria — um dos doentes, com outros problemas de saúde, morreu. Hospital nega secretismo – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Mai 8, 2024

Dois doentes foram diagnosticados com legionella depois de terem passado pelo serviço de dermatologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Um dos infetados — que sofria de outras doenças — acabou por morrer.

Como o Observador revelou na última sexta-feira, uma análise feita ao serviço de dermatologia do hospital de Santa Maria, em março, detetou a presença de legionella em várias torneiras.

Questionado pelo Observador, o hospital confirmou a presença da bactéria, tendo, após nova insistência, admitido que duas pessoas foram diagnosticadas com a Doença dos Legionários. Uma delas — “e cujo óbito [o hospital] lamenta” — “sofria de patologia de base grave e difíceis opções terapêuticas, tendo acusado positivo para legionella 14 dias após alta de Dermatologia, quando o serviço tinha já tinha sofrido a intervenção devida após análises efetuadas”, refere fonte oficial.

No total, registaram-se dois casos de doentes relacionados com a legionella detetada no serviço de dermatologia – “o caso descrito e outro que teve alta”, explica o hospital, adiantando que todos os diagnósticos “de Doença dos Legionários efetuados em internamento ou ambulatório são notificados à autoridade de Saúde Pública através de duas vias independentes: uma notificação da base laboratorial (SINAVE LAB) e outra de base clínica (SINAVE MED)”.

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Legionella detetada no serviço de dermatologia do hospital de Santa Maria. Pelo menos um doente foi infetado

“A análise positiva noticiada pelo Observador seguiu todos estes trâmites, facilmente comprováveis, tendo por isso desencadeado uma intervenção adicional da autoridade de Saúde Pública, que constatou a negatividade da água nesse serviço fruto das imediatas medidas de controlo e segurança efetuadas”, explicou ainda fonte oficial, acrescentando que “quando existem pesquisas positivas, elas são de imediato comunicadas à autoridade de Saúde Pública (SP) e são desencadeadas medidas corretivas e posteriores análises de controlo, sempre em estreita colaboração com a autoridade de Saúde Pública”.

Não esclarecendo se a análise de março foi feita na sequência de suspeitas, como por exemplo a deteção de legionella em doentes que passaram pelo serviço, ou de forma preventiva, fonte oficial explica apenas que “a análise positiva detetada no Serviço de Dermatologia insere-se nesta lógica de permanente monitorização nesta área, tendo de imediato sido desencadeadas e em poucas horas executadas todas as medidas de controlo e desinfeção que garantiram a segurança de doentes e profissionais”.

É ainda referido que a unidade “tem um rigoroso plano de prevenção e controlo da legionella e uma comissão específica dedicada à monitorização nesta área”, havendo análises periódicas à água “utilizada em diversos pontos do hospital, de acordo com uma classificação de risco”.

Durante as últimas semanas, este serviço não esteve nunca encerrado, nem os doentes deixaram de receber os tratamentos, apurou o Observador.

Ao que o Observador apurou, internamente a informação relativa à análise positiva para a legionella em várias torneiras não foi do conhecimento de todos os médicos do serviço. Uma fonte, que pediu para não ser identificada, explicou mesmo que houve profissionais que apenas souberam do que aconteceu pela notícia do Observador.

Uma informação que é rejeitada pelo hospital: “Todas as análises à água e doentes são sempre do conhecimento da autoridade de Saúde Pública e o serviço acompanha as medidas corretivas e preventivas instauradas mal se sabe da positividade na água. Medidas essas que são implementadas de forma perfeitamente visível ao serviço, por equipas multidisciplinares que envolvem profissionais de vários serviços, portanto sem qualquer secretismo”.

O certo é que, ainda na semana passada, antes de o hospital ter confirmado a presença de legionella, o diretor do serviço de Dermatologia, Paulo Filipe, confrontado pelo Observador, negou ter existido qualquer análise positiva à legionella — dizendo inclusivamente ser uma notícia inventada.

O hospital de Santa Maria revela que segundo os registos da base laboratorial, em 2023 “foram diagnosticados na Unidade Local de Saúde de Santa Maria 2 casos de legionella, com origem na comunidade”.

Já nos primeiros meses deste ano, foram diagnosticados “4 casos de legionella com origem na comunidade” e “2 com link nosocomial”, ou seja, com origem com bactéria presente em ambiente hospitalar.

Fonte oficial do hospital afirma que foram realizadas, só no último ano, “de forma proativa e preventiva, 360 análises de rotina à legionella no Hospital de Santa Maria, unidade com 60 quilómetros de canalizações, perto de 3 mil torneiras e 240 duches, na qual são de forma constante levadas a cabo melhorias estruturais adequadas”.

Na primeira resposta enviada ao Observador é explicado ainda que a legionella “é um microrganismo frequentemente encontrado na água potável” e que “constitui um desafio transversal a vários setores da sociedade, não apenas nas estruturas de Saúde”. A unidade de saúde diz também que, “ciente do seu importante papel nesta área e da confiança que os utentes depositam nas unidades que a compõem, […] dispõe de um rigoroso plano de prevenção, despiste e, em caso positivo, controlo da legionella, em linha com as melhores práticas e a legislação em vigor nesta área”.



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